terça-feira, 6 de setembro de 2011

Conselhos Revoltos e Divagantes

  











  Eu estava lá sentado frente ao mar, olhando para o horizonte, para o intangível, pensando e pensando até doer na cabeça. Os sonhos, as dúvidas, os lamentos, as alegrias e tudo que se pode pensar vendo a beleza do mar sereno e frio. Ai sempre me vinha à mente algumas coisas sobre os meus relacionamentos todos, com parentes, mulheres, vizinhos, amigos, enfim, pessoas. Sempre me esforcei para estar presente aos acontecimentos de todos, participar, ser pontual, honesto até o ponto permitido pelo que para mim é decência, carinhoso para com todos, até o ponto permitido pelo que para mim é humano e ali sentado fronte ao oceano descobri que em muitos dos casos estes valores estão errados para com muitas das pessoas, as pessoas querem ser agradadas, querem compartilhar valores que aprendi em certo lugar a desprezar e valorizar a condição realmente humana.

    
Eram oito horas da manhã, há meses que não dormia, a vida era festa, não havia tempo para descanso, na verdade já estava começando a me sentir um escravo da vida vã. Nos primeiros minutos de momento de sono e descanso em um sofá velho, acordo chutado por um dos patrocinadores de uma badalada casa noturna da cidade, perguntando se eu estava doente por ficar dormindo, atrás dele o batalhão da futilidade, promoters da balada, umas quinze mocinhas drogadas com olhos sem brilho, como soldados robóticos atrás de seu comandante ditador, com sua munição infindável de dinheiro e drogas. “Ela não quer dar pra você? Dá uma “balinha para ela porra”!” Funcionava na hora, olhava para as pessoas e todas elas ao meu redor queriam alguma coisa, algo material, algo que cobrisse e tampasse o buraco negro infinito de suas superficialidades, estavam ali se sugando, se comendo como a um bife que quando sobra osso, não serve mais. A depressão já pesava nos meus olhos, não me despedi, fui embora e não voltei.
   Conselhos Revoltos e Divagantes
A escola é chata, a professora idiota, o mundo é uma bosta e eu um adolescente cabeludo, na verdade cabelo, nariz e coturno, essa era uma boa descrição do rapaz. Chegou à época do alistamento militar, não quis servir o exercito nem marinha muito menos aeronáutica, jogava basquete, briguei com o babaca do treinador, não fui mais, comprei meu primeiro maço de cigarros, me tornei um imbecil, americanizado, apolítico, uma barata que só consome e não produz, uma verdadeira infelicidade, a gente nunca escuta mesmo os nossos pais. Tornei-me o que o governo queria que tornasse. Um vazio consumidor, que não notava nada ao seu redor a não ser ele mesmo e prazeres do momento. A futilidade me seguia de perto.
  Voltando para frente ao mar, pensava nas trocas, as pessoas ao meu redor não eram despojadas de nada, só andavam com quem interessavam, só viviam ao redor do que lhe rendiam algo, só cumprimentavam efusivas, os que tinham algo para oferecer, não vou falar de pessoas fisicamente lindas com pessoas horrendas e sem o mínimo de cultura para manter uma conversa de um minuto com uma mosca, mas vou falar do interesse, da falta de paciência com a carência e necessidade, do sofrimento, da tristeza de pensar que em muitas cabeças realmente o que importa é um conforto com algo que não lhe pertence, pois tudo vai ficar aqui, e você vai apodrecer. Os relacionamentos em sua grande maioria quando terminam, foi por que alguma coisa, matéria faltou, muitas vezes são pessoas que na verdade estavam bem intencionadas, porém sempre queremos “estar bem” e “estar bem” para muita gente, é ter bens. O impressionante é quando a gente acha alguém que espera da gente só atenção, carinho e tudo mais que muitas vezes nem pensamos mais sobre isso e estranhamos, pois pensamos mesmo em “ter”. A pessoa que não é um “ter” assusta, e um casal assim até incomoda. Quantos casais hippies cultos, lindos, felizes e pobres vocês já não viram?
  
 O pensamento que tenho é o seguinte, temos que educar demais nossos filhos, para que não desperdicem as oportunidades da vida, para que realmente respeitem e aprendam com os mais velhos, aproveitem que o Brasil ainda tem grandes faculdades públicas, há chances em certos esportes, a carreira militar é linda e seu filho terá educação para passar para umas dez gerações de sua família, pois senão, como eu, ele ira perder um “puta” tempo na vida. Não que me arrependa, pois hoje sou feliz, mas não precisava ter passado por várias coisas e ter feito meus pais passarem também, e pra terminar, respeitem a caridade, quando forem por fazê-la: “NÃO SAIBA A TUA MÃO ESQUERDA O QUE FAZ A DIREITA”. (Matheus)